Infelizmente, a notícia era do maior assalto a banco do Estado, que foi protagonizado por cenas de terror, com direito a criminosos fortemente armados e vítimas feitas de reféns.
Segundo relatos da população, que presenciou as horas de pânico e agonia das pessoas que estavam no entorno do banco onde o assalto aconteceu, foram momentos de desespero.
De acordo com a Associação dos Praças do Estado de Santa Catarina (APRASC), as cenas de terror vividas no Estado jogam luz sobre um desafio há tempos denunciado por policiais: o crime está cada vez mais organizado e a segurança pública do Brasil cada vez menos.
— Há décadas o Brasil vive uma espécie de pandemia do crime, mas não há uma corrida por investimentos nessa área. O crime cometido no Sul do Estado, minimamente planejado, com homens treinados e armamento pesado, é apenas mais um alerta de que precisamos reagir — declara João Carlos Pawlick, presidente da APRASC.

João Carlos Pawlick, presidente da APRASC — Foto: Divulgação/APRASC
Dados do crime organizado no Brasil
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ocorrido em outubro de 2020, que compila estatísticas de criminalidade no país, revelam que o número de assassinatos no país voltou a crescer, depois de dois anos de queda.
Em relação ao tensionamento do crime organizado, a falta de atenção por parte das autoridades com a segurança pública é apontada como um dos fatores mais relevantes.
Outro aumento significativo é o número de policiais mortos e de pessoas mortas em ações da polícia. Para a APRASC, o crime organizado representa uma ameaça constante aos policiais.
— Sofremos com a falta de efetivo, armamentos, munição, equipamentos de proteção individual, coletes e não há um plano de carreira decente que nos dê esperança de mudança no futuro — revela a APRASC.
Criminalidade durante a pandemia
De modo geral, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina, com o isolamento social, a criminalidade no Estado diminuiu durante a pandemia do novo coronavírus.
Entretanto, os policiais que precisam trabalhar nas ruas, ainda sentem-se desprotegidos e desamparados pelos governos.
— Durante a pandemia, policiais continuaram colocando suas vidas em risco, mesmo sem receber nenhum adicional por isso, a exemplo de outras categorias. Sem valorização, muitos caem em depressão e o número de suicídios entre policiais só aumenta — afirma o presidente.
Nesse sentido, e a fim de evitar mal entendidos na Justiça decorrentes de confrontos policiais, desde 2018, policiais militares de Santa Catarina contam com câmeras instaladas em seus uniformes.
Dessa maneira, a APRASC acredita que magistrados, promotores e corregedorias podem interpretar melhor as ações da polícia, com objetivo de evitar condenações equivocadas por disparo de tiros ou omissão de crime.
Quem responde pela insegurança?
A discussão sobre quem é responsável pela segurança pública, se Estado ou Município, vem de longa data.
Entretanto, segundo a Constituição Federal Brasileira, esse é um dever do Estado Brasileiro, ou seja, é uma responsabilidade compartilhada entre os governos federal, estadual e municipal.
Para a APRASC, o roubo em Criciúma comprova que os municípios não podem fechar os olhos para o setor, sob o argumento de que a segurança pública é missão do Estado.
— Na verdade, entendemos que é uma responsabilidade de todos: da sociedade civil organizada e da iniciativa privada, que já participa ativamente em municípios como Jaraguá do Sul, por exemplo, considerada a cidade mais pacífica do Brasil — argumenta o presidente da Associação dos Praças do Estado de Santa Catarina.

Presidente da APRASC, ao lado de Sandra Esmeraldino, mãe do policial que foi baleado durante o assalto em Criciúma — Foto: Divulgação/APRASC
É sabido que o efetivo policial nos municípios, não só de Santa Catarina, mas, de todo o Brasil, é reduzido e a capacidade de armamento muitas vezes é superada por criminosos. Dessa forma, para a APRASC, fica a tropa e a população em constante perigo.
Além disso, a Associação acredita que, muitas vezes, há uma vitimização do criminoso e que leis mais rígidas e o combate mais efetivo à criminalização seja o caminho para garantir uma boa segurança pública.
Matéria produzida pela APRASC e divulgada pelo G! Santa Catarina em
23/12/2020 09h30 - Foto capa Pixabay
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